Para a minha primeira viagem sozinha eu não podia escolher outro lugar que não fosse a Itália, esse país que eu tanto amo. Estava procurando passagens baratas e vi que de Lisboa pra Napoli estava bem baratinho. Como eu já queria muito conhecer essa cidade e a Costa Amalfitana, decidi fazer essa viagem. Que decisão maravilhosa! Vou contar tudo aqui, meu roteiro, gastos, encontros, lugares e perrengues.
Eu não planejei a viagem com muita antecedência, então quando eu fui alugar as minhas estadias pela Booking não tinham tantas opções disponíveis. Acredito que fiz tudo menos de dois meses antes da viagem. Mas ok, decidi onde queria ir, mais ou menos o que queria ver e dividi minhas noites em 5 lugares diferentes.
Além disso, escolhi uma ótima época pra ir à Itália, meio de setembro, que ainda está bem quente, mas os lugares não estão mais tão cheios como em julho e agosto. Fui do dia 13 ao dia 22 de setembro, nove noites.
Primeira parada: Napoli
Cheguei em uma segunda-feira a tarde em Napoli, logo no aeroporto já conheci a Thayná, uma menina que também vive em Lisboa. Reconheci por já ter visto o instagram dela. Coincidentemente, estávamos no mesmo hostel, então fomos juntas pra lá. Ficamos duas noites no NAP Hostel. Adoramos, super recomendo!
Napoli é uma loucura, é carro e moto vindo de todas as direções, ruas estreitas, gritaria, gente pra caramba, comida, bebida… Enfim, é uma loucura. Mas eu já amei logo que chegamos ao centro. Eu amo as cores da Itália, sou suspeita pra falar. Mas enfim, no primeiro dia eu já dei um giro pelo centro da cidade, comi uma pizza deliciosa e me apaixonei. Estava um calor dos infernos, chegar no hostel à noite pra tomar um banho gelado foi maravilhoso.
No dia seguinte fomos dar um rolê junto com outra pessoa que conhecemos no hostel, a Élida, que acabou virando uma grande companheira de viagem, visto que acabamos indo para os mesmos lugares nos dias seguintes.
Andamos por Napoli inteira, comemos a famosa pizza da Michele, conhecemos a costa, passamos calor e fomos felizes. Andamos muito mesmo nesse dia, a noite meu pé já não se aguentava e eu só queria cama. Mas valeu a pena, eu diria que o ideal por Napoli é fazer tudo andando mesmo.
Acabei não indo em nenhuma atração paga da cidade, fiquei curiosa pra conhecer Napoli subterrânea, mas fica pra próxima. Só de andar pelo centro histórico, ver as lojinhas de artesanato, a loucura da cidade, os bares, os restaurantes, comer pizza até não dar mais, conhecer o mar ali por perto… já vale super a pena!









Uma passadinha em Pompéia
No meu terceiro dia de viagem eu ia para Sorrento, mas no caminho parei em Pompéia. Muito simples, da estação central de Napoli é só pegar o trem em direção a Sorrento e parar na estação Pompéia. Menos de 3€. O ingresso pra conhecer a cidade de Pompéia comprado na hora era cerca de 16-17€, mas eu tinha comprado antecipadamente pelo site Tiqets e paguei 20€. Tive medo de estar muita fila etc.






Pompéia é uma visita muito forte, de grandes emoções, ao pararmos pra pensar o que aconteceu lá, todo aquele terror. Foi bem emocionante ver as estátuas, por exemplo. Chorei de emoção. E a cidade é imensa! É grande MESMO! Eu fiquei andando sem parar cerca de 3 horas e com certeza não vi tudo. Chegou uma hora que cansei e quis ir embora, porque querendo ou não, a cidade toda é bem parecida. Mas foi uma visita incrível.
Peguei novamente o trem e partiu novo hostel!
2 noites em Sant’Agnello – próximo de Sorrento
A costa de Sorrento é simplesmente maravilhosa, tem muita coisa pra fazer, é maior do que eu imaginava, e eu só fui ver isso quando eu já tinha alugado todas as minhas estadias. Um dia ainda quero conhecer lá com mais calma, mas o meu roteiro foi ótimo.
Optei por ficar nessa cidade a cerca de 3km de Sorrento porque estava MUITO mais barata. Fiquei no Seven Hostel, a estrutura era bem legal, tinha um terraço/bar maravilhoso com vista pro mar e pôr do sol, mas a cidade é bem pacata então quase ninguém ficava lá e não tinha muito o que fazer.
Assim que cheguei de Pompéia, tomei uma ducha e fui andando até Sorrento pra já conhecer a cidade. (eu andei nessa viagem, viu?) Sorrento é uma cidade bem high society, é legal de ir lá se você ficar em um dos hotéis do penhasco, com vista pro mar. Porque não tem muitos espaços públicos para as pessoas ficarem. A praia é quase toda privada, você precisa pagar pra sentar em uma cadeira, então eu acabei nem ficando por lá muito tempo. Só fui conhecer mesmo. Mas realmente a vista é linda.
Bagni Regina Giovanna e Baia di Leranto
Eu já estava cansada de ver cidades e queria natureza. Pra mim uma viagem só vale a pena mesmo se tiver contato com a natureza e lugares lindos para eu nadar. Logo cedo peguei um ônibus de Sant’Agnello pro Bagni Regina Giovanna. Cheguei cedo, não tinha ninguém lá ainda, só um casal. Já estava lindo, mas eu queria ver com o sol batendo na água.
Logo no começo conheci um austríaco e ficamos nadando e subindo nas pedras pra pular a manhã inteira, foi bem legal. O lugar realmente é uma delícia. Depois começou a chegar muita gente e senti que era hora de ir para a próxima parada, que era longe.








Subi pra estrada e fiquei quase uma hora esperando o meu ônibus pra Nerano, aí o carinha que estava cuidando do postinho de gasolina na minha frente, do nada veio de moto até mim e falou pra eu subir na moto que ele me levaria onde eu queria ir. Eu não entendia quase nada do italiano dele, até porque é outro dialeto, o napolitano, mas eu confiei na minha intuição e fui. Ele foi me mostrando tudo pelo caminho, falando o que era o quê. (E eu entendo bulhufas). E então, ele me deixou na entrada da trilha pra praia que eu queria ir. Um fofo! Até porque foram uns vinte, trinta minutos de moto até lá. Nem acreditei na sorte que dei.



A trilha de ida para a Baia di Leranto é tranquila, mas a volta foi braba. Você basicamente está no alto do morro e tem que descer tudo pra depois subir tudo de novo. É uma caminhada maravilhosa, a vista de cima das praias são lindas e chegando lá, mais ainda.
(Essa praia das duas primeiras fotos não tem acesso à pé, só de barco ou nadando, como fui.)
Fiquei um pouco na prainha ali e depois fui pro deque, que logo conheci três italianos locais que falavam inglês (amém) e me levaram nadando até uma outra praia que só tinha acesso de barco ou nadando. Foi incrível! Que sorte eu dei! Lá tinha uma gruta escondida que era simplesmente maravilhosa. Nadamos pra caramba e voltamos.
Aì ainda ficamos mais um tempo ali e eles me levaram pra tomar um café com limão de um senhor que cuida daquela região. Melhor café que tomei na minha vida. E de quebra, um deles ainda me levou de moto até o meu hostel de volta. Que dia, hein?









Olá, Capri!
Dormi mais uma noite em Sant’Agnello e logo cedinho peguei um barco saindo de Sorrento para Capri. Eu comprei pelo site da Caremar e paguei uns 20€ mas se comprasse na hora era uns 16€. Quis me garantir mas nem precisava, o barco estava totalmente vazio. Quem pega barco antes das 8h da manhã, né?
Primeira metade: Ana Capri, Monte Solaro, Grotta Azzura e Lido del Faro
Cheguei em Capri mas a minha estadia era em Ana Capri. Para chegar no hotel precisei pegar dois ônibus da Marina Grande, onde cheguei de barco. Mas é tudo rapidinho. Tem bastante ônibus.
Depois de deixar tudo no hotel, fui ao centrinho de Ana Capri para esperar a Élida, que topou ficar comigo em Capri – o que já deu um respiro pro orçamento, a estadia lá foi a mais cara que eu paguei, quase 80€ por uma noite. E olha que paguei barato por ser em Capri.
Como tínhamos somente uma noite lá e dois dias pra aproveitar, decidimos fazer essa metade da ilha no primeiro dia e a parte de Capri no outro. Pegamos o teleférico a partir de Ana Capri pro Monte Solaro, a vista lá de cima é incrível. Foi 12€ ida e volta de teleférico. Caro, mas valeu a pena e a economia de tempo e energia. Dava pra ir andando, mas deu uma preguicinha e o passeio de teleférico é maneiro.





Nadando na Grotta Azzura
Depois fomos andando até a Grotta Azzura. Eu tinha lido em um blog que era possível ir andando até lá, que não precisava necessariamente fazer o passeio de barco, que é no mínimo 18€ + os 12€ pra grotta. Então fomos andando. E o italiano que conheci naquele dia disse que se eu fosse na gruta no final da tarde, quando os barcos já não estavam mais entrando, dava pra entrar nadando. O sol não tava muito forte nesse dia, ainda era meio dia, eu nem achei que valia muito a pena ir pra lá, mas fomos. E que bom que fomos!
O mar estava mexido então não estava tendo passeio de barco pra lá. Ou seja, entrada liberada! O sol não estava tão forte, estava nublado, mas mesmo assim, que lugar maravilhoso! Um azul de tirar o fôlego, lindo mesmo. Nem acreditamos que conseguimos entrar nadando, foi demais.
Depois pegamos um ônibus pra subir até Ana Capri e fomos andando até uma nova “praia”, Lido del Faro, que é uma delícia. Tem vários barzinhos e restaurante ali e a vista do pôr do sol é simplesmente maravilhosa. O mar estava bem agitado e precisava de cuidado pra entrar, mas foi um mergulho delícia!





Segunda metade: Capri, passeio de barco e Marina Piccola
No dia seguinte acordamos cedo, arrumamos as coisas e já fomos pra Capri, pra deixar a nossa bagagem no centro por 3€ e fazer o passeio de barco ao redor da ilha. Foi 18€, pegamos o primeiro que vimos. Foi ótimo, não tinha muita gente no barco, e o redor da ilha é muito lindo.
Depois andamos por Capri, fomos ao Giardini di Augusto, que é simplesmente maravilhoso, tudo perfeitinho e bem cuidado com uma vista incrível. Uma pena que a estrada pra descer até a praia estava fechada, mas a vista já vale a pena.
Aí fomos andando pra Marina Piccola, que tem um mar maravilhoso, azul até não dar mais. Passamos a tarde lá, tinha bastante gente, mas deu pra relaxar e curtir uma praia. E então, partiu Costa Amalfitana!












Duas noites em Furore + Positano, Amalfi
Saindo de Capri, peguei um barco até Positano (devia ter ido pra Amalfi, mas não sabia), aí já peguei um ônibus pra Amalfi e lá peguei mais um que subia pra Furore, até o meu hotel, que é no topo do topo do morro. Cheguei super tarde e já fui dormir. No dia seguinte desci andando até o Fiordo di Furore, mas como o sol ainda não estava batendo na praia, andei mais um pouco até a Grotta dello Smeraldo.
Você faz um passeiozinho de barco por dentro da grotta, paga 6€ e dura cerca de 20 minutos. É bem bonito, valeu a pena. De novo, era cedo e o sol não estava no seu ápice, a cor da água lá dentro não estava como “deveria estar”, mas já estava linda demais.



Aí voltei pro Fiordo e passei horas lá, nadando, pulando das escadas, muros… pulando na água a mais de 20m de altura… foi simplesmente incrível! Estava precisando de um dia mais tranquilo depois de andar tanto nos últimos dias.



No início da tarde peguei um ônibus pra Positano. Precisa ficar atenta porque o transporte público da costa amalfitana é meio porcaria, só passa ônibus praticamente de hora em hora ou até mais. Em Positano encontrei a Élida novamente e ficamos lá a tarde toda e início da noite. É realmente uma cidade encantadora, cada ruazinha, a parte da praia, as luzes quando começa a entardecer… Eu amei Positano. Pra mim, foi a cidade mais bonita da Costa.









Aí peguei o último ônibus em direção à Amalfi e desci no Fiordo, que era a saída pra subir pro meu hotel. O gerente bem que avisou que não era uma boa ideia subir andando porque era mais de um quilômetro só de escada, mas não tinha mais ônibus e eu fui. Quase morri do coração porque estava completamente escuro e era uma escada no meio do mato, sem nenhuma casa, luz ou pessoa. Fiquei com muito medo por estar sozinha, suei como nunca na vida, mas cheguei sã e salva. 40 minutos de escada sem parar. Não foi fácil.
Duas noites em Minori + Ravello, Atrani e Maiori
No dia seguinte, acordei cedo novamente, fiz as malas e partiu Minori, o último hotel. Peguei primeiro um ônibus até Amalfi e perdi o próximo ônibus então precisei esperar um pouco na cidade. O que foi bom porque já serviu pra eu conhecer Amalfi, que é uma cidade bem ok, não achei nada demais. Quase todos que eu conversei lá foram antipáticos, então decidi nem voltar lá.



Minori é um charme, bem pequenina, com uma bela praia e uma vista bonita do morro. Cheguei, lavei o rosto, deixei as coisas no meu quarto e partiu bater perna de novo!
Mais uma subida de morrer. De Minori até Ravello. Mais de dois km só de escada, foi difícil, mas uma delícia ao mesmo tempo. De novo, suei como nunca, mas pelo menos estava de dia e me senti segura.



Ravello é simplesmente uma cidade maravilhosa! A vista pra todos os lados é de ficar sem palavras, a cidade tem uma energia calma e gostosa… Eu amei! E todo o caminho andando até lá em cima também é lindo, valeu super a pena. Comemos por lá em um restaurante bem gostoso, com um serviço impecável e preço justo.









Depois descemos andando pra conhecer Atrani, uma mini cidade muito charmosa.






Depois voltei andando pra Minori, dei um mergulho no mar, bebi uma cervejinha e relaxei no hotel.
E chegamos no último dia, que foi inteirinho pra relaxar na praia. Fui andando até Maiori e logo depois tem uma praia que está no google como “clear water beach” haha que é uma praia minúscula mas maravilhosa. Tem uma parte que é privada, eu acho, por isso tem só um espacinho para nós, meros plebeus, ficarmos. Mas uma delícia.



Fiquei lá um pouco e queria muito ir na Spiaggia Cavallo Morto, um pouco mais a frente, mesmo sabendo que só dava pra ir de barco. Aí fui andando pra ver de cima, realmente é paradisíaca, mas não rolou de ir até lá porque não estava afim de pagar um barco, nem fui atrás disso. Quem sabe numa próxima.


Aí voltei pra Maiori e fiquei na praia por lá mesmo o resto da tarde. Amei.



Quanto gastei nessa viagem
Passagem: de passagem eu gastei 50€ ida e volta de Lisboa. Estava só uns 30€, mas eu adicionei uma mala de 10kg pra ir tranquilamente.
Estadias
Hostel em Napoli: 44€ duas noites
Hostel em Sant’Agnello: 27€ duas noites
Quarto em Capri: 80€ uma noite
Quarto em Furore: 90€ duas noites
Quarto em Minori: 104€ duas noites
Claramente o preço aumenta na costa amalfitana, né? Bizarro. Mas valeu a pena ter ficado nesses lugares, não foram nas cidades mais hypes, mesmo sendo caras, então não foram TÃO caras. E se eu tivesse com alguém seria bem mais fácil, esse é o único foda de viajar sozinha pra lugares que não têm hostel. Ah, e eu aluguei tudo bem em cima da hora, tipo menos de um mês antes, então pode até ser que se eu tivesse planejado com antecedência eu conseguiria coisas mais baratas.
Ao todo, imagino que gastei uns 350-450€ em toda a viagem, sem contar a estadia. Com todos os transportes, barcos, alimentação, comprinhas… Tudo. Não é uma viagem barata, é um dos destinos mais caros pra se viajar mesmo, mas acho que consegui fazer tudo sem gastar muito.
Foi uma das viagens mais incríveis da minha vida. Até o que deu errado, acabou dando certo. Viajar sozinha já se tornou um vício, e a Itália sempre será o maior deles!