Eu e o mozão decidimos viajar para Alter do Chão porque já tínhamos ouvido muitas pessoas falarem maravilhas desse lugar. Uma grande amiga minha havia ido no último ano novo, que está começando a ficar na moda, e amou. Eu só tinha uma data no final de fevereiro pra viajar então decidi ir.
Depois, ao pesquisar melhor, percebi que fevereiro em Alter é época de cheia dos rios, dizem que não é a “melhor época pra ir”. O que eu achei ótimo, já que era Carnaval também e eu queria um carnaval tranquilo na natureza com meu mozão.
Sendo bem sincera, encontrei pouquíssima informação sobre Alter durante a cheia, pouca gente falando sobre. Por isso decidi fazer esse post. Vi em um ou outro lugar que na cheia era tão bonito quanto, só bem diferente da seca. Dito e feito. Zero arrependimento de ir na cheia, porém voltarei um dia na seca pra ver como fica, porque o cenário de fato muda completamente.
Fui no dia 24 de fevereiro e voltei no dia 04 de março. Bastante tempo pra aproveitar. Nove dias, oito noites. Mas oito dias inteiros pra curtir.
Para chegar em Alter do Chão de São Paulo
Pegamos um vôo com escala em Belém pra Santarém, que é somente uns 30km de Alter do Chão. Dá pra ir pra Alter de ônibus mas a gente pegou um táxi mesmo. É valor fechado, deu uns 100 reais.
Chegando em Alter do Chão
Chegamos no início da tarde, demos uma voltinha pela cidade, que é um ovo. Logo na pousada já perguntamos se eles indicavam guias específicos ou alguma agência pra fazer os passeios e eles indicaram a Atufa. São vários barqueiros, então é só chegar lá e trocar ideia com algum deles pra negociar e marcar os passeios.
Ficamos na Pousada Vila Alter e adoramos. Funcionários super simpáticos e atenciosos, tudo bem simples e limpinho. Super indicamos! Alugamos pela Booking.
Nós fizemos os nossos passeios com o Zé Antônio (+55 93 9160-4653), um doce de pessoa. Adoramos passar os dias com ele e super indicamos. Honesto, tranquilo, tornou nossos dias em Alter mais fáceis levando para lugares lindos.
O carnaval estava próximo, mas quando chegamos a cidade ainda estava deserta, o que foi bom e ruim haha bom porque tivemos muita paz nos nossos primeiros passeios e ruim porque acabamos pagando mais caro pra fazer os passeios, visto que fomos sozinhos no barco.
Ilha do Amor
Aproveitamos o final de tarde do primeiro dia na Ilha do Amor, atravessamos de barco com o Zé mesmo porque o rio estava cheio então precisa ser de barco. A travessia custa uns 10 reais por trecho.



Esse primeiro dia não foi o único que passamos na Ilha do Amor. Acho que fomos umas quatro vezes pra lá, já que acabamos fazendo os passeios rapidamente e ficamos com muitos dias “vagos”, e como a Ilha do Amor era o passeio que menos gastava, já que tudo precisa de barco e acaba sendo meio caro, acabamos ficando bastante por lá. E muito contentes, porque é uma delícia! Muita sombra, água fresca, cerveja (não tão gelada rs) e comida boa.
Primeiro dia: Lago Verde, Floresta Encantada, Praia do Pindobal, Ponta do Muretá
Lago Verde e Floresta Encantada
Primeiro fomos pra Floresta Encantada, passando pelo Lago Verde. O lago já é lindíssimo, com as árvores semi imersas nas águas do rio. Aí o barco vai até uma pequena comunidade que tem os canoeiros que te levam pra Floresta Encantada bem devagarzinho de canoa. Você paga esse passeio separado, custou 50 reais pra duas pessoas.
Optamos pelo passeio de meia hora e já foi perfeito. Demos sorte com o sol, que saiu bem quando estávamos na Floresta, então o reflexo da luz e da floresta na água estava lindíssimo. Mágico.






Depois fomos em direção à Praia do Pindobal, mas paramos antes na Ponta do Muretá, onde também tem um lago no meio. Nadamos um pouco, brincamos e seguimos pra Praia do Pindobal. Nesse dia a gente não cruzou com quase ninguém.



O clima não ajudou muito, choveu um pouco quando estávamos na praia então ficamos com o sentimento de “quero voltar no sol pra ver”. E depois de alguns dias voltamos lá. Outra experiência. Nada como um dia ensolarado pra mudar a energia do lugar!
Ficamos na mesma barraca nos dois dias. No primeiro pedimos um pirarucu que não estava muito bom, mas no outro dia pedimos um tambaqui que estava maravilhoso.
Canal do Jari, Lago do Tapari (Lago Preto) e Ponta de Pedras
O segundo dia de passeios foi pra ver e comer vitórias régias no Canal do Jari com a Dona Dulce.
O percurso de barco até o Canal do Jari foi agitadinho, choviscou um pouco e o rio estava mexido, mas foi uma delícia. Quando fomos nos aproximando do Canal, o céu foi abrindo. Sorte que fala, né? O caminho de barco é lindíssimo, com as casas palafitas dos moradores de lá. Mais pacato impossível! Muito verde no meio de tanta água, realmente mágico.



Aí chegamos na Dona Dulce pra comer as tantas coisas que ela inventou com a vitória régia. Tem de brownie à tempurá. E tudo uma delícia! Confesso que estava esperando algo médio ou ruim mas eu gostei de tudo. Tinha até picles de vitória régia!
Essa degustação também é paga à parte do passeio, custa 30 reais por pessoa.



Depois fomos em direção à Ponta de Pedras, mas no caminho paramos no Lago Preto. Esse é um lugar que, pelo que eu vi nas fotos, fica mais bonito e agradável na cheia. Acho que foi uma das paradas mais gostosas que fizemos. Lugarzinho gostoso, água quentinha, parecia um oásis.




A Ponta de Pedras que fica completamente diferente na seca e cheia. Nem dava pra ver as pedras direito… Tenho curiosidade de ir na seca. Mas a praia é uma delícia e foi lá que comemos a melhor refeição da viagem. Um tambaqui delicioso! O dia lá foi maravilhoso.






Depois demos uma passadinha na Ponta do Cururu, outro lugar que eu quero muito voltar na seca, já que a ponta de areia se estende por praticamente um quilômetro e, dessa vez, só tinha um pouquinho de areia. O que não tira a sua beleza, olha isso! Mágico.



Serra da Piraoca – ou Piroca
Depois de dois dias longos de passeio de barco decidimos passar o primeiro sábado de carnaval por perto. Acordamos e fomos subir a Serra da Piraoca, que fica na Ilha do Amor mesmo. Menos de uma hora de subida, um calor desgraçado, uma delícia! Lá de cima você tem uma visão 360 de tudo. No caminho até vimos um tamanduá bandeira. Depois passamos um dia ensolarado na Ilha do Amor.






Trilha pela Flona: Comunidade Jamaraquá
Recuperados depois de um dia de descanso, no domingo fizemos a trilha da Flona com mais dois casais e um solteiro rs como é um dos passeios mais distantes, é melhor fazer com mais gente pra pagar menos por pessoa.
Ao todo foram uns 11km de trilha, onde começamos pela mata secundária e vamos adentrando na mata primária. É clara a diferença do solo e altura das árvores. A trilha é maravilhosa, você está dentro da floresta mesmo, passando por muitas seringueiras e outras árvores gigantes e maravilhosas.
A comunidade se mantém exclusivamente do turismo então eles são bem organizados, são 5 pessoas por guia. E o guia é alguém nascido e criado dali, conhece tudo sobre tudo. Te explica sobre cada árvore, folha, fruto e flor do caminho.
Logo depois de chegar na imensa samaúma de cerca de 500 anos, que é impressionante de ver, andamos mais um pouco até um igarapé surreal de lindo e necessário depois de uma trilha quente e longa.









É possível você fazer esse passeio e dormir no meio do caminho, a gente até queria fazer isso mas como já tínhamos fechado a pousada etc, acabamos optando por não dormir dessa vez. Mas na próxima vamos!
Além da comunidade Jamaraquá, também tem a Comunidade do Maguary, que é do lado e possui uma trilha um pouco mais longa e uma samaúma ainda maior do que a que vimos. Não fomos, deixamos para a nossa próxima visita à Alter do Chão.
Almoçamos ali mesmo no Jamaraquá, onde escolhemos nosso peixe antes da trilha e ao chegar ele já estava quase servido. Ainda bem porque estávamos mortos de fome! Aconselho levar algo pra comer no meio da trilha e bastante água.
No caminho de volta ainda paramos em uma praia no meio do rio deliciosa, de areia branquinha… Demais!





E aí paramos de novo na Ponta do Muretá, mas estava cheia de gente aí nem ficamos muito. Ainda bem, porque na hora que estávamos saindo de barco apareceram vários botos ao nosso redor e vimos botos pela primeira vez na viagem e na vida.
O dia seguinte foi Ilha do Amor novamente


E no seguinte fomos pra Ponta de Pedras, dessa vez com sol.
De novo paramos na Ponta do Muretá, que estava vazio de novo. Foi só passar o carnaval que as pessoas se foram e a paz voltou.


E nosso último dia foi Ilha do Amor pela vigésima vez. A gente queria muito fazer o passeio pro Arapiuns, que é o mais distante de todos. Mas ninguém mais queria e não ia dar pra bancar o passeio sozinhos dessa vez. Sairia em torno de 700 reais pro casal. Outro objetivo pra próxima visita a esse paraíso brasileiro.
O Carnaval em Alter do Chão
Como dissemos, queríamos ficar tranquilinhos no Carnaval. Lá em Alter até que aconteceram umas coisinhas, um carimbó na praça e mais não sei onde. Mas a gente chegava no final do dia tão cansados que nem estávamos na vibe de festejar. Só curtir uma musiquinha de leve e ir dormir cedo pra acordar cedo e aproveitar o dia.
E olha que absurdo e tristeza. A Globo soltou uma notícia dizendo que o garimpo poluíram o rio em Alter do Chão e que a água estava marrom e turva. Pura mentira. Nada disso aconteceu. O prefeito/ governador queria fechar a cidade por conta do covid mas não quis “fechar oficialmente” senão tem que pagar auxílio. Aí soltaram essas notícias e o turismo acabou diminuindo muito.
Passadinha em Santarém
No último dia nosso vôo era só as 23h da noite, então pensamos em já partir pra Santarém na hora do almoço e conhecer a cidade. Fomos de ônibus até lá e andamos para um restaurante que muitas pessoas nos tinham indicado, o Restaurante Piracema. Uma delícia mesmo, valeu super a pena!
Quanto à conhecer Santarém, acabamos desistindo 😂 estava muito quente, a gente vive em Lisboa e pensamos que a arquitetura ia ser parecida e não valia tanto a pena por estarmos com mala. Aí fomos pro aeroporto mesmo e esperamos nosso vôo por lá.
Gastos com os passeios em Alter do Chão
Como eu disse, chegamos antes do Carnaval, então a cidade estava deserta. A gente já quis aproveitar pra fazer alguns passeios, então fizemos somente em duas pessoas, o que acabou aumentando o preço individual por passeio bastante.
O nosso primeiro dia de passeio, que foi pela Floresta Encantada, Praia do Pindobal e Ponta do Muretá foi 350 reais. O Zé Antônio ficou o dia todo com a gente. Se fosse mais um casal, nosso gasto diminuiria pela metade, mas fica cômodo fazer o passeio sozinho.
O passeio mais caro foi o do dia seguinte, pro Canal do Jari, que foi 600 reais. Acabou ficando salgado pra nós dois, mas valeu a pena. Foi um dia maravilhoso!
Um outro passeio bem caro é o da Flona, mas como fizemos com mais pessoas, ele fechou o preço de 200 reais por pessoa.
Quando fomos somente pra Praia do Pindobal e Ponta do Muretá em um dos últimos dias acho que pagamos uns 300 reais, por já termos feito outros passeios com ele.
O ideal acredito que seja ir para Alter do Chão com mais um casal, porque aí ainda fica confortável e com privacidade e já diminui bastante os gastos com passeios.
Quanto tempo ficar em Alter do Chão?
Como a gente queria relaxar e conhecer tudo com calma, acabamos ficando os 9 dias e 8 noites. Mas se um dia eu voltar, ou se fosse dar a dica à alguém, diria que uma semana ou uns 5 dias já está mais do que bom. A maioria dos passeios são feitos de uma vez só, então você consegue conhecer tudo rapidamente.
Aí é claro que vale a pena ficar uns dias mais de bobeira pela Ilha do Amor ou em outra praia… Mas se o objetivo for ser prático e eficiente, uns 5 dias já está ótimo. A gente fez bastante coisa mas ainda faltaram algumas, não por falta de tempo, mas por economia mesmo hehe na próxima conheceremos tudo!
Nós adoramos a viagem! Foi uma delícia, o povo é gente boa, a natureza desse Brasil é perfeita, não tivemos do que reclamar. E o clima nos ajudou muito! Por irmos em época de chuva, achamos que podíamos nos ferrar com isso, mas não. Teve chuva, mas teve muito sol! Alter já está no meu coração ❤️

