Esses dias estava assistindo a série icônica Sex and the City. Uma das personagens, Charlotte York, sempre sonhou em encontrar o seu “príncipe encantado”, ter um daqueles casamentos de filme, uma vida perfeita e romântica. Ela é uma daquelas grandes sonhadoras e apaixonadas por histórias de amor. Em um dado ponto da história, ela encontra o seu “príncipe” e casa com ele, ele é um lorde, a cerimônia e o casamento foram perfeitos, foi tudo impecável. Mas o relacionamento entre os dois acaba não funcionando. E eles se separam.
Depois de um tempo de muitas decepções amorosas e dificuldade em encontrar o homem perfeito, ela acaba conhecendo alguém “nada perfeito” de acordo com os padrões do homem dos seus sonhos. Um homem baixinho, barrigudo, careca e peludo, que fala alto e de boca cheia, mas que a faz rir, é divertido e a ama como ninguém. Eles se apaixonam e é claro, casam-se.
Mas quase tudo dá errado antes e durante o casamento. Ele a vê com o vestido antes da hora, o padrinho fica bêbado e faz um discurso horrível por estar bravo com outra mulher, cai comida no vestido, pega fogo na mesa de jantar, ela cai descendo do altar ao escorregar nas pérolas da pulseira da sua amiga que estourou… Enfim, ela se desespera, vai pro banheiro chorar, mas uma de suas amigas, Carrie Bradshaw, a consola e diz: “Quanto pior o dia casamento, melhor o casamento em si.” E a cada coisa ruim que acontece, o casal agradece e sente que vai ficar juntos por mais anos.
E eu fiquei pensando… ela podia continuar se preocupando e ficando chateada pelas “coisas ruins” que estavam acontecendo no seu casamento, coisas que, na sua maioria, não estavam dentro do seu controle e acabar estragando a noite pra ela e pro agora marido. Ou ela podia ignorar tudo isso e tentar enxergar cada acontecimento de forma positiva, aproveitando o dia do seu casamento com quem mais importava, seu atual marido.
Acredito que foi mais fácil aceitar que o casamento em si seria feliz com uma festa ruim porque a última experiência que ela teve, foi exatamente o contrário. O que no passado foi uma experiência ruim, hoje a ensinava a acreditar em um relacionamento melhor, mesmo com uma noite de casamento imperfeita.
E essa é a graça das imperfeições e defeitos da vida, momentos e pessoas. São eles que fazem com que olhemos com mais atenção para as qualidades, felicidades e perfeições dessa louca jornada. Se a vida fosse apenas felicidade e alegrias, qual seria a graça? Não teria como sairmos de um dia não tão bom ou péssimo e ter um dia incrível e agradecer pela mudança.
Quando passamos por experiências ruins, aprendemos lições com elas, que nos fazem ser uma pessoa melhor. E aprendemos que certas coisas “ruins” não merecem tanta atenção, não têm força para estragar o nosso dia. Aprendemos a relevar os pequenos incômodos, a aceitar os defeitos do outro, a entender que nada é perfeito na vida e tá tudo bem.
Um dia ruim pode te trazer algo bom. Uma grosseria alheia pode te fazer ver que você é mais do que isso e não precisa retrucar. Tomar chuva na rua não precisa ser algo tão ruim, se você simplesmente aceitar que vai ficar molhado. Cair descendo do altar pode ser até divertido, se você rir de você mesmo.
Quando a gente se preocupa demais em deixar tudo perfeito, acabamos esquecendo de aproveitar as pequenas coisas, as belas imperfeições.
Saber compreender as imperfeições no nosso cotidiano pode elevar nossa maturidade e nos trazer felizes surpresas. Já que a sociedade de hoje cultua a perfeição, bem-aventurados os que aceitam e valorizam a imperfeição.
Grato pelo texto!
CurtirCurtir
Exatamente! Quanto mais aprendemos a fazer isso, mais crescemos e melhor nos sentimos com os “imprevistos” da vida. Obrigada pela interação!
CurtirCurtir