Sabe aquela frase, 50% good vibes e 50% foda-se? Ela é perfeita.
Eu sou uma pessoa realmente positiva, sempre foco no lado bom das coisas, mas não sou troxa. Sei que em certas situações, não tem essa de good vibes. É fazer e resolver.
Nenhum problema se resolve com o vento, nada é alcançado sentado.
Quando vejo pessoas que realmente são good vibes e nada, nem ninguém pode alterar esse estado de GOOD VIBES, eu fico meio aterrorizada. Sabe aquelas pessoas que o mundo está caindo atrás dela e ela está falando “vai ficar tudo bem, galera” realmente acreditando nisso quando claramente não vai?
Ou aquela pessoa que não está fazendo nada pra ajudar na resolução do problema, só mandando mensagens positivas pro grupo? Pode ser que o problema se resolva mesmo, mas não foi ela que contribuiu na resolução.
Eu vivi exatamente isso uma vez e fiquei indignada.
Lá fui eu em um festival em Minas Gerais. Cheguei no meio do mato, depois de uma viagem de 12 horas de ônibus e me deparei com uma fila imensa. Na verdade aquilo nem poderia ser chamado de fila, estava mais pra um aglomerado de gente.
Chegaram uns 3 ônibus juntos, sem contar as pessoas de carro, estavam todos na fila para trocar o ingresso pela pulseira que dá acesso ao festival. Só que não tinha apenas uma fila pra pegar a pulseira. Os ingressos foram vendidos apenas pela internet, quem tinha o voucher impresso, tinha que pegar uma fila pra “validar” esse voucher e pegar outra pra pulseira. Quem não tinha impresso ainda, precisava pegar uma fila pra imprimir. E tinha que pagar pela impressão. Sei que eram três “serviços” diferentes e apenas uma pessoa pra fazer isso.
Mas calma, você deve estar imaginando que era uma pessoa agilizada, né? Rápida, que quer resolver os problemas de todos.
Doce ilusão.
Pensa num cara de boas, agora multiplica pelo deboísmo extremo e adiciona 5kg de maconha.
Estava uma zona, todo mundo desesperado pra pegar a pulseira pra entrar e ele olhando pra todos, de braços abertos: “Quem é o próximo? E aí, cara, tudo bom? No que eu posso te ajudar agora?” Aí alguém falava algo de longe ou empurrava a fila. Ele esquecia que estava atendendo uma pessoa e começava a falar “Aê galera, relaxa que vai dar tudo certo, organiza as filas, por favor…”, depois voltava pra pessoa, mesmo discurso. Again and again. Tudo a 0,3km/k.
Duas meninas estavam desesperadas porque tinham comprado ingresso falso, ele falava pra elas: “Calma meninas, vai dar tudo certo…” E atendia outras pessoas. Eu já estava ficando literalmente louca com aquele cara, não entendia como alguém assim podia estar ali.
Eu sou aquela pessoa que gosta de resolver, sou prática. Quando chego em um festival ou em qualquer lugar já me situo por onde entro, o que preciso fazer e saio correndo pra resolver logo as pendências e ficar tranquila com tudo. O Marcelo também estava com um problema com a compra do ingresso. Cheguei, já fui entrando pra ver quem poderia me ajudar, porque claramente não seria ele. Depois de um tempo, vi um cara conversando com aquelas meninas. Corri pra ele. Em menos de 10min, ele tinha resolvido o nosso problema. Aquele outro cara não ia resolver o problema de ninguém ali. Detalhe que esse outro cara nem deveria estar ali, estava de passagem e acabou nos ajudando. Demos sorte. Se ele não tivesse ali, nem teríamos entrado.
Quando encontramos o outro cara ~good vibes~ dentro do festival, ele falou, com aquele sotaque de tartaruga do Procurando Nemo “Aíã, falei que ia dar tudo certo…”
Minha cara pra ele foi mais ou menos assim:
Tem certos momentos que mensagens positivas só irritam, não ajudam. Quer dizer, mensagens positivas sem finalidade, porque quando juntas com a solução, são maravilhosas.
Exemplo básico: enviei o arquivo errado pro cliente. Meu deus, fudeu, vou morrer, vou ser despedida. Não. Ei, calma, é só enviar o correto e pedir desculpas.
Às vezes realmente o desespero é desnecessário e de fato vai ficar tudo bem, mas falar que vai ficar tudo bem sem dar uma solução e sem mover um dedo pra ajudar é apenas bad vibes.
Sacô?
É isso.
Sou good vibes mas peraê.
sarabitu 