Como eu sempre tento enxergar o lado positivo em tudo, ao esbarrar com pessoas esnobes, grossas, desrespeitosas ou antipáticas eu tento observá-las para aprender como eu não quero ser. Mas tem dias que é difícil não se igualar à elas e não dar aquela resposta que fica na ponta da língua querendo sair igual um soco. É difícil. Mas ao engolir, respirar fundo e mentalizar: “Eu sou melhor do que isso” me sinto realmente melhor do que isso – ou alguém.
Ironicamente, provavelmente o maior problema de pessoas assim é achar que são melhores do que os outros. Seja por serem mais velhas, por supostamente terem mais experiência ou por terem um cargo hierárquico mais alto. Os motivos variam e muitas vezes nem existe um. Por isso, eu acho que tudo isso é uma grande besteira – em inglês eu diria bullshit, encaixaria melhor. Nos últimos tempos tenho sido obrigada a lidar com essas pessoas, não só eu, mas muitas pessoas ao meu redor, e é muito desgastante.
Sabe aqueles dias que acordamos com um sentimento de “hoje nada me abala”, mas ao dar de cara com esse tipo de experiência você se sente sem energia alguma pro resto do dia? Sua produtividade cai, a motivação de continuar já está chegando no zero, mas você precisa manter a mente ali. Muitas vezes, continuar uma conversa e ainda encenar um sorriso. Essas pessoas têm o poder de sugar a sua energia e a de quem mais estiver no recinto.
Eu já escrevi muitos textos sobre positividade, otimismo, tentar enxergar o lado bom em tudo, motivação… A verdade é que a maioria dos meus textos são uma espécie de autoajuda. Eu gosto, vou fazer o quê? Mas esse é um desabafo. Porque não é fácil lidar com isso, ainda mais quando é algo recorrente. Até a minha vontade de escrever, muitas vezes, vai embora. Os assuntos alto astral e interessantes parecem estar a quilômetros de distância. E eu tenho culpa de ter dificuldade em lidar com isso? Todos nós, que somos infectados com esse tipo de energia, por causa de pessoas assim, temos culpa?
Esses dias, depois de um desses episódios, um amigo comentou “tem muita coisa acontecendo com ela”. E comigo não? Com você não? Quem disse que a minha vida em casa está perfeita? Quem disse que não briguei com a minha família toda? Quem disse que não perdi um ente querido? Nada disso me dá o direito de desrespeitar ou humilhar alguém de alguma forma. Nada. Muito menos, por tanto tempo.
É claro que ninguém é de ferro e existem dias que nem o papa aguenta ser querido e paciente com todas as pessoas que cruzam o seu caminho. Mas existem pessoas que simplesmente são amargas. E não é um amargo com motivo, é um amargo sem motivo. Não é um amargo que afeta somente a própria pessoa, mas os outros. Essas pessoas sentem a necessidade de atingir os outros com palavras e gestos para se auto posicionar como “melhor” o tempo inteiro. Não é de vez em quando, é o tempo inteiro. Como é possível manter a sanidade mental passando muito tempo lidando com esse tipo de gente? Haja good vibes!
Todos nós sabemos que nos estressarmos com atitudes alheias ou nos preocuparmos por algo que não está ao nosso alcance é desnecessário e faz mal. A gente sabe. Eu sei, você sabe. Mas precisamos combinar que não é fácil. Não há escudo que resista por muito tempo. Mas a verdadeira questão que eu faço aqui é: o escudo deveria aguentar?
Não. Porque ninguém é obrigado. Eu não sou obrigada. Você não é obrigada(o). Ninguém merece, nem deveria passar muito tempo perto de pessoas tóxicas. E se você se relaciona, trabalha ou vive com alguém que é assim e sabe que mais de uma pessoa já tentou de tudo para ela abrir os olhos e nada adiantou, só te resta uma coisa – sair fora. Sair correndo. Sério, sai voando.
Muitas vezes não é fácil tomar a decisão de precisar se afastar de uma amizade, emprego ou relacionamento por causa de uma ou mais pessoas assim, mas é necessário. A vida é muito curta pra gente ficar perto de pessoas que não somam, que fazem mal. Porque é exatamente isso que essas pessoas nos causam. O mal. O nosso dia vai do céu ao inferno em poucos minutos, nos sentimos frustrados, com raiva. E raiva não é algo gostoso de sentir, ela vai nos contagiando e, quando vemos, nem somos a pessoa que éramos antes. A gente começa a reclamar mais do que deveria. E quem gosta de uma pessoa que vive reclamando? Nem você mesmo.
Se esse tipo de sentimento é recorrente na sua vida, tem algo errado. Pode ser alguém ou algo, mas tem. Pode não ser agora, mas trace um plano pra sair desse cenário, pra se afastar disso que não te faz bem. É necessário. Afinal, ninguém é obrigado a lidar com pessoas escrotas. Somos obrigados a virar as costas e sair. Plenos, com o escudo intacto, olhos brilhando, sorriso no rosto e zero peso nos ombros.